Uma Guerreira Para Ela (A Guerreira Livro 2)
Traduzido por Ju Pinheiro
Resumo do livro
Libby se vê em uma rede de mistérios e mentiras quando descobre verdades perturbadoras sobre sua melhor amiga, Emma. Com a vida de Emma e sua família em perigo, Libby deve decidir entre ser fiel a si mesma ou salvar o amor de sua vida, mesmo que isso signifique se perder no processo.
Trecho de Uma Guerreira Para Ela (A Guerreira Livro 2)
Destino é Minha Bunda Curvilínea
Os olhos de Emma arregalaram dolorosamente.
— Libby! Sua namorada... ela é... ela é uma vampira!
Jo rosna.
— Chérie. Sua amiga já se deu ao trabalho de lhe contar que ela é uma fae? — Minha namorada diz a palavra como se isso deixasse um gosto ruim na boca.
O quê? Uma o quê? Minha cabeça balança de um lado para o outro como se eu estivesse acompanhando uma partida de pingue-pongue. Ela é uma… e ela sabe…como…o quê? Confusão é um redemoinho enquanto tento entender o que está acontecendo. Jo mal tinha entrado no restaurante quando Emma se virou para cumprimentá-la, todos nós sorrindo ansiosos por este primeiro encontro. E então, do nada, Jo fica vampira total: olhos vermelhos, bochechas encovadas e pontos brilhantes repousando em seu lábio inferior. E Emma! Minha linda e alegre melhor amiga entrou em algum tipo de pose séria de luta, como se ela soubesse o que está fazendo. E agora ela está olhando furiosamente para Jo com tanto desprezo! Então, em vez da minha melhor amiga e minha namorada terem a tão esperada apresentação que eu estava ansiosamente aguardando, é…isso?
Não. Jo tem que ter entendido errado. Minha melhor amiga desde o ensino médio não é uma fae. Quero dizer, eu saberia, certo? Não que eu tenha alguma ideia do que seja uma fae. É o mesmo que uma fada? Quero dizer, eu li os contos de fadas e vi os filmes. Claro, isso não significa que eu tenha acreditado em nada disso. Pensando melhor, eu quase poderia acreditar que Emma era uma fada madrinha — estilo Disney. Aquela risada tilintante e todo aquele cabelo loiro glorioso? Mas Jo está agindo como se ser uma fae fosse uma coisa ruim! Tipo, ruim igual aos irmãos Grimm. Deuses! Eu realmente não quero que essas histórias horripilantes sejam reais.
E vamos lá, Emma já sabe sobre vampiros? Caramba, só sei sobre vampiros há algumas semanas e estou namorando um! Reviro os olhos mentalmente para mim mesma. Duh! Se Emma é algum tipo de fada, ela não é exatamente humana, é?
Mas não. Isso é loucura! Deve haver algum engano. Infelizmente, nenhuma delas está recuando. Nenhuma negação vem dos lábios de Emma. Em vez disso, minha amiga parece assustada. Tipo, muito assustada. E Jo parece assustadora. E irritada.
Os olhos de Emma disparam para todos os lugares ao mesmo tempo. Ela dá um tapinha no ar como se tentasse calar Jo.
— Shh! OhmeuDeus! Não diga! Pelo amor de Deus. Apenas. Apenas não diga…aquela palavra de novo. Ok? Por favor.
Jo dá uma risada, mas então seus olhos brilhantes se estreitam.
— Do que você tem tanto medo? O que você está aprontando?
O quê? Não! Emma, diga a Jo que ela entendeu tudo errado! Mas elas continuam se encarando. Nossa! Pensar que desperdicei todo esse tempo e energia me preocupando sobre como explicar os ferimentos que sofri na segunda vez que o vampiro pai de Jo me sequestrou. Deixe comigo ficar obcecada por algo que sequer acontece. Em minha defesa, apesar da cura que um pouco de sangue de vampiro me deu, estou coberta de crostas longas de uma faca perversamente afiada que ele empunhava, e a maquiagem poderia fazer apenas esse tanto com os olhos negros e os hematomas restantes de seu soco rápido como um raio. Por um segundo terrível, estou de volta à cela pútrida do complexo da milícia. Oh, agora não é um bom momento para isso. Eu belisco a carne entre o polegar e o dedo indicador, com força. A dor consegue me estabilizar e minha visão clareia. Lanço um olhar preocupado para Jo — ela está realmente chateada com o quanto o trauma me afetou. Mas Jo sequer reage ao meu quase ataque de pânico. Isso não é bom. Isso realmente não é bom. Jo, por favor, não machuque Emma. Por favor.
Preocupada com as testemunhas desta cena, olho de relance ao redor do saguão murado. Felizmente, é o tipo de restaurante chique que não quer pessoas que estão à espera de uma mesa fiquem encarando os convidados sentados. Nem mesmo uma recepcionista fica na estação. Não consigo me lembrar. Ela estava lá quando Jo entrou? Ela viu os olhos vermelhos e as presas de Jo?
Deuses. Eu estava tão animada para o nosso encontro duplo. Finalmente, minha irmã do coração e a mulher que eu amo se conheceriam. E eu podia ver se o homem que Emma está namorando a merece. No momento, estou feliz por ele ainda estar no banheiro e não estar aqui para ver isso. Emma parece para todo o mundo como se estivesse querendo uma briga. Eu não tinha ideia de que minha amiga sabia como dar um soco.
Jo? Bem, não há como negar que o predador está no controle. Infelizmente, não é a primeira vez que a vejo assim, embora, na verdade, só a tenha visto assim uma vez. No dia em que ela me mostrou a verdade, e na época foi apenas um flash para me fazer acreditar. Agora? Seu foco mortal está fixo em Emma. Jô, por favor. Eu penso o mais alto que posso, esperando que ela me escute. Por favor, não machuque Emma! Por favor! Meu estômago se revira de medo e o começo de uma dor de cabeça apunhala atrás dos meus olhos.
Emma cerra os dentes.
— Pare com isso. Fique fora da minha cabeça.
Jo rosna.
— Então me diga do que você tem medo.
— Não nesta vida, sugadora de sangue. Mas seria bem feito para você se...
Quase pulo para fora da minha pele quando ouço uma voz animada atrás de mim.
— Bem, olá, você deve ser Jo. Oi! Sou David.
Girando, observo com medo sua abordagem e me pergunto há quanto tempo ele está a par dessa pequena cena. Fico aliviada ao ver o sorriso inocentemente expectante em seu rosto, enquanto ele estende a mão para Jo. Oh não. Suas presas!
Mas eu não precisava ter me preocupado. Sua chegada galvaniza a dupla para romper o impasse. No momento em que me viro, Jo, parecendo humana mais uma vez, desliza para o meu lado. No entanto, ela me puxa para si com tanta força que eu tropeço, me apoiando com uma mão em seu abdômen duro, minha bengala bate na sua canela. Quase sinto pena dela, mas ela meio que pediu por isso. Mesmo que seu comportamento intensamente possessivo faça sentido. Eu só queria ter entendido. Jo está agindo como se Emma representasse algum tipo de perigo, mas eu a conheço. Eu acho? Nossa! Fae e vampiro realmente se odeiam tanto assim?
Eles apertam as mãos e Emma lança um de seus sorrisos deslumbrantes para David. Ele passa o braço sobre os ombros dela, e então ela volta sua atenção para mim. Eu leio com facilidade a preocupação da minha amiga, seu medo. Ela deve ver meu choque, nós nos conhecemos tão bem. Pelo menos eu acreditava que sim. Não sei o que mais Emma vê no meu rosto. Eu realmente não sei o que sinto. Minha cabeça está girando. É excruciante ter que agir normalmente agora. Jo dá um beijo no meu cabelo e eu respiro fundo seu perfume perene único. Isso ajuda a me acalmar. Sabendo que David está nos observando, eu endureço meu rosto em uma expressão tão neutra quanto possível.
— David, você sabe como é… ninguém é bom o suficiente para a minha melhor amiga, e, bem, estávamos meio que avaliando uma à outra, sabe?
A risada de Emma soa forçada, e seus olhos me imploram para aceitar sua farsa.
Que escolha eu tenho? Eu vou aceitar. Afinal, tenho alguns segredos próprios. Eu colo um sorriso em meu rosto.
— Devo dizer, considero fascinante finalmente conhecer a melhor amiga de Libby.
A voz de Jo não trai seus sentimentos, embora a julgar pela pegada ao redor dos meus ombros, sei que deve ser um esforço colossal para ela parecer tão calma.
— Ouvi muito sobre você, Emma. É óbvio que há mais em você do que até mesmo sua melhor amiga no mundo inteiro poderia me dizer.
Sinto uma onda de gratidão por Jo vir em minha defesa. Se é justificado ou não, ainda não pode ser avaliado. Seu braço aperta ao meu redor, me dizendo que ela sente isso. E provavelmente minha confusão também.
David dá um sorriso enorme para Emma.
— Sim, ela é ótima, não é? — Com o braço ainda ao redor dela, David olha para mim. — Emma me disse que vocês duas se conheceram mais ou menos na mesma época que nós. Isso não é algo?
De certa maneira, com certeza posso apreciar sua tentativa de aliviar o clima. Com esforço, obrigo minhas emoções a ficarem de lado para lidar com elas mais tarde.
— Creio que você está certo, David. Então, eu conheci Jo no bar, de todos os lugares. E vocês dois se conheceram em um supermercado? Isso é verdade?
Minha têmpora lateja com o esforço de manter uma aparência de normalidade, quando tudo que eu quero fazer é começar a pular para cima e para baixo exigindo respostas.
— Claro que sim! Não sei o que deu em mim. Eu nunca tinha feito algo assim antes, mas quando eu a vi no outro lado do corredor, foi como se um raio tivesse caído.
O olhar que ele dá a Emma é cheio de adoração e ela finalmente encontra seus olhos, seu rosto suavizando em um sorriso.
Droga. Ele está apenas interessado na aparência dela? Eu esperava que ele fosse diferente. Ela tinha uma sorte horrível em namorar. Decepção por Emma guerreia com minhas outras emoções em uma mistura confusa. Eu olho para Emma, tentando ver pistas do que eu aparentemente perdi em todos esses anos, mas tudo que vejo é minha melhor amiga. Parecendo surreal, minha boca se move por conta própria.
— Isso é legal.
A voz de Jo suaviza um pouco.
— Eu sei o que você quer dizer, David. Notei Libby do outro lado da boate. Eu estava me perguntando como conhecê-la quando o destino interveio.
Apesar da tensão, tenho que sufocar uma risada. Destino minha bunda curvilínea. Eu caí em Jo. Literalmente. Por hábito, chamo a atenção de Emma para compartilhar a piada, mas desvio o olhar antes de fazermos contato visual.
Deuses. Ela é uma fae. Minha melhor amiga tem mentido para mim todo esse tempo. Sobre o que mais Emma mentiu para mim? Manteve escondido de mim?
— A mesa de vocês está pronta, se me acompanharem?
O sorriso da recepcionista parece um pouco tenso, e eu engulo minha amargura como bile. Aparentemente desinformado, David gira Emma em um círculo, provocando sua risada surpresa. Jo relaxa a mão o suficiente para que eu possa andar com facilidade, e nós os seguimos até a mesa.
A respiração de Jo faz cócegas na minha orelha.
— Chérie, apenas pense nisso e eu a levarei para casa. Sinto muito, mas estou lendo sua mente até irmos embora.
Encontro seu olhar e não tenho que forçar um sorriso. Este é um daqueles raros momentos em que posso dizer com toda honestidade que sou grata por ela poder ler todos os meus pensamentos e emoções. Quando nos acomodamos, a recepcionista nos informa sobre os especiais da casa. Estou muito chateada para acompanhar sua ladainha treinada. Meu apetite sumiu e não consigo me concentrar o suficiente para ler o cardápio, muito menos descobrir algo para pedir. Não consigo imaginar como vamos passar por esta refeição.
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