Casa Mal-Assombrada (Mistérios do Campus Braxton Livro 5)
Traduzido por Heloisa Miranda Silva
Resumo do livro
No Halloween, enquanto Braxton celebra com festivais e labirintos assustadores, Kellan se muda para uma casa antiga e misteriosa. Enfrentando um fantasma vingativo e um esqueleto descoberto em uma construção local, ele busca ajuda para desvendar segredos sombrios. Entre investigações e acidentes suspeitos, mistérios e perigos se entrelaçam em uma atmosfera arrepiante.
Trecho de Casa Mal-Assombrada (Mistérios do Campus Braxton Livro 5)
Capítulo 1
Agachado atrás de uma lápide desgastada e ilegível na parte mais antiga e assustadora do Cemitério Wellington, eu permaneci em silêncio e imóvel em meio a uma grande quantidade de corpos exumados. Embora cercado por pinheiros brancos altos e delgados, um dossel de ramos moribundos de um salgueiro nodoso roçava furtivamente no meu pescoço. Depois de um ataque violento de ventos uivantes que chicotearam furiosamente minha pele arrepiada, olhei por cima da lápide solta e fiquei boquiaberto com os montes de terra recém-revirada. Por que um monstro impiedoso iria desenterrar tantos caixões perto do mausoléu Grey?
Se esquivando a duas fileiras de distância, os olhos do vilão sem alma brilhavam como carvão em chamas. O tom arrepiante dos sinos sombrios da Igreja St. Mary explodiu – era a chegada fortuita da meia-noite. Seu aceno sinistro fez com que os meus pés instáveis escorregassem, amassando uma pilha de folhas secas e revelando, tolamente, a minha localização secreta. De repente, envolto em névoa e pairando perto da lápide sem nome, o manto preto e cinza esvoaçante do ladino parecia fumaça saindo de uma chaminé sobrecarregada.
– Posso ouvir você respirando, Ayrwick. Saia daí, seja lá onde você estiver. Eu não terminei com esse jogo.
– Eu não sei quem você é, mas a sua obsessão comigo está saindo de controle. – quando a lua distante jogou sua luminosidade misteriosa, eu xinguei os meus novos óculos modelo aviador, moderno e esportivo, por ficarem embaçados. Se era uma aparição ou uma criação da minha imaginação extenuada, eu não podia ter certeza; e nem me importava naquele momento. – Você não pode ser real. Minha mente está pregando peças em mim.
O bicho-papão etéreo planava a centímetros acima do chão sagrado do cemitério. As solas de seus pés vaporizavam ao pisar no solo sagrado dos caminhos tortuosos.
– Você está preparado para morrer? – a voz maldosa e arrepiante me provocou, enquanto me caçava e encurralava na escuridão do meu esconderijo, a ressonância fria e melancólica assustou todos os morcegos, corujas e outros animais noturnos para uma reclusão apressada. O fantasma mascarado estreitou seu olhar sinistro e brandia uma foice afiada do tamanho de um mamute, que cortava suavemente o ar e tinha como mira precisa o meu pescoço.
Meus braços estavam tão firmes como gelatina enquanto eu me esforçava para empurrar a pesada placa de cimento para o chão, então pulei direto para dentro de um túmulo vazio, com as minhas mãos e braços protegendo a minha cabeça, que estava prestes a ser decapitada. O atormentador furtivo gargalhou loucamente e agarrou o meu antebraço com um aperto estranhamente forte e ossudo, liberando uma corrente de gelo que correu pelas minhas veias até chegar ao meu coração acelerado. Meu corpo congelou como se uma geleira tivesse me engolido e me preservado para toda a eternidade.
Foi então que eu me ouvi berrando como um coiote raivoso, rolando descontroladamente para fora do sofá desconfortável, direto para o chão de madeira da casa que eu havia recentemente reformado. Foi apenas um pesadelo, eu lembrei a mim mesmo, enquanto esfregava os meus olhos cansados e me concentrava na sala estranhamente silenciosa. Desde que havia começado a massiva reforma, um sonho recorrente sobre um ceifador assustador, que tinha a intenção de me matar, mostrava sua cara feia.
A memória vaga e sombria da noite anterior havia felizmente desaparecido. Raios de sol esperançosos passavam pelas novas janelas de canto da sala de estar, parando no começo do hall de entrada. Montes brilhantes de poeira de construção e uma combinação pungente de traças e roupas velhas abruptamente se materializaram no ar parado. Quando uma brisa leve curiosamente passou pela minha pele sensível, o cabelo na minha nuca se arrepiou. Uma sombra esguia se esticava pelo corredor central, confirmando que alguém estava se escondendo na minha casa.
Eu pisquei novamente para o que era, com sorte, uma miragem, então me assustei novamente. Um rangido estranho e um baque penetrante ecoaram nas vigas do teto abobadado do hall. Será que uma das pesadas portas de madeira havia sido aberta e fechada? Eu pulei em pé e corri pelo corredor para pegar o invasor problemático, mas a passagem para o porão estava permanentemente selada como havia estado desde a minha primeira visita na antiga morada do Juiz Hiram Grey. Por uma série de motivos, nós ainda não havíamos localizado a chave para o nível inferior da minha histórica e antiquada casa recém-adquirida.
O pesadelo do qual eu havia acabado de acordar deve ter me incitado a imaginar uma série de eventos. Ninguém havia se esgueirado para dentro da casa, o que havia me deixado nervoso, muito mais do que na meia dúzia de vezes, que alguém havia me seguido sorrateiramente até a minha nova vizinhança. Era como se tivesse alguém vigiando cada movimento meu, sempre dois passos atrás de mim nas sombras, nunca ficando totalmente visível. Eu nunca havia pedido por isso.
Três meses atrás, meu tio impulsivo implorou para que a Nana D cuidasse do filho de quinze anos dele, Ulan, pelo futuro próximo. O Tio Zach havia estendido a expedição de um ano dele para proteger as espécies de elefante africano da quase extinção, mas a minha avó estava preocupada demais em vencer a eleição para a prefeitura do Condado de Wharton para concordar com o pedido dele. Como uma solução alternativa, e sem o meu consentimento, eles me designaram como o guardião temporário do Ulan. Isso iria me forçar a sair do pequeno chalé no Rancho Danby, a fazenda e pomar orgânico da Nana D, onde eu e a minha filha morávamos.
Com a ajuda sarcástica, e ainda assim generosa, da minha avó durante o verão, eu havia comprado a Velha Casa Grey e contratado um construtor para cuidar dos reparos mais cruciais e ter algumas opções para a reforma. Residindo em um terreno de dois acres, a charmosa casa vitoriana oferecia excelente estrutura, mas havia sido deixada sem cuidados por muito tempo. Um corredor central dividia a habitação em ruínas pela metade, com uma impressionante escadaria levando ao andar superior e uma porta do porão cujo conteúdo seria, aparentemente, uma surpresa futura. Duas grandes salas ancoravam o lado esquerdo, e duas outras de tamanho igual estavam no direito. O proprietário original da casa havia espalhado todos os ambientes que exigiam encanamento na parte traseira da casa, conectando-os por meio de um hall circular que apresentava saídas para uma garagem independente para três carros e um quintal bem proporcionado, mas negligenciado.
Para a minha sorte, por causa da condição da Velha Casa Grey e da falta de qualquer outra pessoa interessada, nós havíamos feito um acordo impressivo; se não fosse por isso, não teria conseguido pagá-la. Durante o último mês, nós havíamos implementado uma grande repaginação do primeiro andar, para assegurar um lugar morável para chamar de lar: três quartos temporários, um banheiro funcional, cozinha improvisada e uma sala de estar confortável. Já que eu ainda não havia trazido os meus móveis, a grande mudança iria ocorrer no próximo final de semana. No curso dos próximos quatro meses, uma grande reforma no segundo andar iria construir quartos modernos, um escritório particular com a última tecnologia para produção de filmes, e uma biblioteca tradicional.
A Nana D havia se oferecido para deixar a Emma e o Ulan dormirem na sua casa de fazenda na noite anterior, permitindo que eu riscasse uma página inteira da minha extensa lista de coisas a fazer e que perturbava a minha sanidade. Eu havia ficado por aqui para pintar os quartos restantes, então cochilei no velho sofá da minha sala de estar temporária. Enquanto eu não era um carpinteiro experiente como meu irmão mais novo, o Gabriel, eu insisti que poderia passar o pincel nas paredes. Além da programação apertada, a minha preocupação mais aterrorizante era identificar o demônio travesso que havia entrado e saído escondido da casa quando não havia ninguém por perto, tentando nos assustar com trotes infantis. Felizmente, as travessuras não passavam de uma inconveniência inofensiva.
Sacudindo o desconforto para fora do meu corpo amortecido, procurei pelo meu celular. Eram nove da manhã, e uma reunião crítica da cidade requeria a minha humilde presença no que deveria ser um sábado de descanso. Depois de uma mensagem de texto exigindo saber do meu progresso, a Nana D me informou que o Ulan estava estudando para a sua prova de história sobre os julgamentos das bruxas de Salem, e a Emma estava ajudando a preparar o café-da-manhã.
Minha mãe me avisou que ela estava a caminho para me dar carona até a nossa reunião de planejamento para o Festival de Outono anual do Condado de Wharton. Eu disse nossa, porque a Nana D havia anunciado para toda a população em seu primeiro boletim informativo no, Avisos da Prefeita, que a minha mãe e eu iríamos coordenar o muito antecipado festival. Mais uma vez, ela havia nos dado essa tarefa sem qualquer aviso ou concordância prévia de nossa parte. Com apenas poucos dias depois da sua proclamação como nova prefeita, nós não podíamos exatamente recusar a nominação honrosa da nossa Pequeno Napoleão. Minha espirituosa avó de um metro e meio, conhecida por todos como Prefeita Seraphina Danby, havia energicamente conquistado esse apelido depois de procurar controlar cada item, majestoso ou infinitesimal, na jurisdição do nosso condado no centro da Pensilvânia.
Eu encontrei a mala que trouxe para a noite, e corri até o banheiro para determinar a extensão dos danos. Pontos visíveis de tinta vermelha manchavam meu cabelo loiro-escuro e minha testa estreita, que pareciam com os pingos de sangue de porco caindo no corpo desavisado da Carrie durante a formatura no infame livro do Stephen King. Havia um pedaço de fita adesiva colado estranhamente no lado do meu rosto, escondendo uma das minhas maçãs do rosto bem definidas e minhas irresistíveis covinhas. Eu guinchei quando vários pelos grudaram na fita adesiva, como formigas em um cubo de açúcar, quando a arranquei em um movimento rápido e doloroso.
– Ai! Como que infernos você foi parar ali?
Do meu corpo sonolento e perturbado, eu retirei um par de calças jeans bem usadas, uma cueca boxer listrada confortável, e a minha camiseta verde-militar favorita com a frase sarcástica que eu sempre dizia: Eu não terminei de me recuperar da perfeição. Apesar de penosos, os exercícios do último mês haviam generosamente esculpido a forma V que eu procurava; e se eu continuasse nisso, aquele abdômen definido iria se tornar respeitável novamente. Ficar em forma era importante para mim, e não apenas porque eu era um pouco vaidoso como minha mãe. Eu também queria viver para sempre como a Nana D.
Um banho rápido limpou as manchas e a vergonha da minha aparência tola, permitindo que eu fosse encontrar a minha mãe na entrada da garagem. Ela nos levou para tomar o que acabou sendo a mistura perfeita de três grãos de café que qualquer um de nós já havia provado. Ela também nos levou galantemente até o centro cívico para verificar se o Festival de Outono estava em forma perfeita. Várias discussões e compromissos – a respeito de várias regras ridículas para o passeio de hayride assombrado e o concurso de abóboras esculpidas – nos segurou por mais tempo do que o esperado. Depois de ceder a um colega extremamente cáustico e cuidar de uma deficiência no orçamento, nós seguimos para o Rancho Danby para o café-da-manhã.
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