O Poder Nas Flores (Mistérios do Campus Braxton Livro 3)
Traduzido por Heloisa Miranda Silva
Resumo do livro
Durante um baile de máscaras para a reforma da biblioteca, Kellan descobre um corpo vestido como Dr. Evil. Com um stalker ameaçando a presidente da faculdade, cartas misteriosas e uma nova família suspeita na cidade, Kellan se vê cercado de enigmas. Porém, o maior mistério ainda está por vir.
Trecho de O Poder Nas Flores (Mistérios do Campus Braxton Livro 3)
Capítulo 1
Um cartão-postal com uma imagem de uma folhagem luxuriosa e de uma carruagem antiga coberta de ferrugem zombava de mim no banco do passageiro da minha SUV. Eu quase saí da estrada duas vezes no caminho até o campus, pois não conseguia tirar os olhos daquela visão persistente e do forte lembrete de Mendoza. Tinha que ter sido enviado pela Francesca. Ninguém mais sabia sobre a remota vinícola que nós havíamos visitado durante a nossa lua-de-mel anos atrás. Eu sacudi o meu punho fechado para a visão assustadora dela desaparecendo no espelho retrovisor. Será que ela tinha que me seguir para todos os lugares agora?
Era a sétima mensagem da Francesca desde que ela foi embora da cidade e não informou a ninguém que não iria retornar para Los Angeles. Uma semana de uma tortura misteriosa onde ela destacava seu paradeiro, mas sem deixar nenhuma forma de contato. No começo, pensei que ela havia aceitado a minha decisão de continuar na Pensilvânia e que ela iria esperar até que seus pais, os chefes da máfia da família Castigliano, descobrissem uma maneira de trazê-la de volta à vida. Deixe-me esclarecer isso, ela não estava verdadeiramente morta, mas todos pensam que sim. Depois de se envolverem em uma guerra cruel com os Los Vargas, uma família rival, os pais da Francesca haviam fingido a morte dela como a única maneira de mantê-la segura. Ninguém, além dos pais da Francesca e da minha irmã, sabia que ela estava viva.
Minha esposa apenas precisava de espaço para se ajustar às mudanças. Durante dois anos e meio, ela havia ficado escondida em uma mansão de Los Angeles, observando à distância enquanto eu criava sozinho a nossa filha, hoje com sete anos. Emma ficava com sua nona por algumas noites durante a semana, o que fazia com que Francesca sentisse que sua filha não estava longe demais, mas ela não podia realmente conversar com Emma. Assim que me mudei de volta para a casa de meus pais, Francesca perdeu a possibilidade de ver Emma e saiu de sua reclusão esperando que nós nos reconciliássemos. Baseado na evidência dos cartões-postais, ela estava visitando todos os lugares que nós havíamos viajado juntos. Talvez ela precisasse se sentir perto de mim, já que eu havia recusado participar de qualquer tipo de jogo no qual a família dela estivesse envolvida com a Los Vargas. Infelizmente, agora que os Castiglianos me culpavam pelo desaparecimento inexplicável da Francesca, eu previa que seus capangas iriam ficar me espionando em cada canto e me seguindo para todo lugar. Bem dramático, não é mesmo?
Eu dirigi ao longo da rua principal de Braxton, cortando através da nossa cidade charmosa e remota, e estacionei perto da estação do teleférico no Campus Sul, perto do Campo Cambridge, um grande espaço aberto com vários canteiros de flores, grama cheia e caminhos de pedra cobertos por limo. Era sábado, o que significava dia de graduação na Faculdade Braxton (e também a minha primeira como professor na instituição renomada). Apesar de eu estar de volta à cidade há apenas alguns meses, parecia que eu nunca havia ido embora, já que a minha mãe, Violet Ayrwick ainda era a diretora de admissões, e meu pai, Wesley Ayrwick, havia acabado de se aposentar da presidência. Ele iria co-liderar a cerimônia com a nova presidente para completar suas responsabilidades, assim poderia então se concentrar na conversão da faculdade em uma universidade.
Apesar de eu ter estado apreensivo sobre lecionar, fiquei animado pela oportunidade de me reconectar com minha família e amigos que eu mal tinha visitado desde que fui embora da cidade há uma década. Quando meu celular vibrou, eu apertei um botão no volante para que a mensagem fosse mostrada na tela da SUV. A dona anterior, uma amiga da família que havia sido assassinada mais cedo nesse ano, havia adicionado todos os botões e notificações, fazendo com que fosse fácil usar o celular sem as mãos. Será que eu era a única pessoa que ficava um pouco desconfortável dirigindo o carro de uma mulher morta?
Nana D: Você ainda vai passar por aqui depois da graduação? Eu tenho bolinhos e uma quiche de brócolis e queijo Gouda para um almoço tardio… e eu estou ficando nervosa sobre a disputa eleitoral.
Minha avó, conhecida por todos como Seraphina Danby, havia terminado o terceiro e último debate na sua busca para se tornar a próxima prefeita do Condado de Wharton, a grande área geográfica que incluía Braxton e outras três vilas no centro-norte da Pensilvânia. Ela estava par a par com o Vereador Marcus Stanton, seu temido inimigo por motivos que ela se recusava a compartilhar com qualquer outra pessoa. Eu secretamente suspeitava que ela estava brava com ele por causa de algum encontro romântico ruim, ou da inabilidade dele para flertar com ela depois que meu avô nos deixou para a grande vida no céu após a morte.
Eu: Você vai ser a nova prefeita. Estou confiante. Foque nos números. Emma está bem?
Nana D: Sim. Ela está no estábulo conversando com o cuidador de cavalos sobre como encontrar um filhotinho.
Eu: Eu nunca me comprometi com isso! Foi você quem disse que ela poderia ter um se nós nos mudássemos para o Rancho Danby. Não eu.
Quando cheguei na cidade, eu fui morar com meus pais na Cabana Real-Chic, uma cabana de madeira, enorme e modernizada, que eles haviam construído antes de eu nascer, há trinta e dois anos. Quando ficou claro que eu precisava do meu próprio espaço, Nana D sabiamente sugeriu que nós nos mudássemos para a casa de hóspedes na fazenda dela, para que eu e Emma pudéssemos ter um pouco de privacidade. Nós concordamos em tentar isso durante o verão, mas se não funcionasse, eu iria procurar logo um novo lugar.
Nana D: Emma ama esse lugar. Ela me mantém longe de problemas. Você e a sua mãe deveriam estar agradecidos.
Ela estava certa. Sem um acompanhante ou uma supervisão extensa, a Nana D por vezes se encontrava perto demais de desastres. Eu estacionei o carro e disse à minha cruz que eu carregava de setenta e quatro anos (e digo isso da maneira mais carinhosa possível) para que esperasse a minha chegada às duas da tarde. A cerimônia de graduação iria demorar mais tempo, mas eu iria apenas fazer uma pequena apresentação para declarar o vencedor do concurso para redecorar o teleférico.
Entre os Campus, Norte e Sul, havia um trilho elétrico, com cerca de um quilômetro e meio de distância, para transportar os alunos e membros da faculdade até os dormitórios, salões acadêmicos, prédios administrativos e outros prédios estudantis. O teleférico de estilo antigo era o único do tipo na região, e por muitas vezes atraía visitantes (e uma renda extra bem necessária) vindos de todo o país. Os alunos veteranos de Braxton votavam, a cada ano, para escolher o novo design do interior como um presente de despedida para a faculdade. O vencedor desse ano era uma surpresa, o que deixaria a minha amiga e colega, Reitora Fern Terry, bem aliviada. No momento, ela estava preocupada que a proposta de design para um mundo distópico e alienígena fosse estragar o interior do vagão do sistema de transporte que ela usava todos os dias. Isso não iria acontecer sob a minha supervisão. Eu conferi o horário, dei uma última olhada para o ameaçador cartão-postal, e caminhei pelo Campo Cambridge.
Enquanto me aproximava do último caminho de pedra, ouvi meu nome sendo chamado à distância. Eu me virei para ver Ed Mulligan conversando com um homem careca desconhecido, com cerca de quarenta e poucos anos. O Reitor Mulligan, chefe de todos os acadêmicos de Braxton, estava vestido com um impecável terno de três peças (sua abordagem erudita normal de se vestir) e corria rapidamente na minha direção como se estivesse desesperado para chegar à linha de vitória.
– Kellan, eu gostaria de lhe apresentar o George Braun, um professor visitante que chegou na cidade há algumas semanas para lecionar um curso de verão. – o Reitor Mulligan disse. Quando a luz do sol bateu no rosto de George, destacou a textura enrugada e coriácea de sua pele. Talvez ele estivesse sofrendo os efeitos de uma queimadura recente, ou lutava contra um caso de rosácea.
– É um prazer conhecê-lo, Kellan. O Reitor Mulligan me disse que você se juntou à Braxton recentemente e pode dar algumas dicas para um recém-chegado sobre como sobreviver nesse campus excêntrico. – George respondeu com um sotaque incomum. Embora eu fosse adepto de captar enunciados comuns, o dele era uma mistura de inflexões desequilibradas demais para ter certeza de sua origem. Havia indícios de um tom áspero do centro-oeste com vogais prolongadas, mas senti um estilo europeu culto ao final de cada uma de suas palavras.
Quando o Reitor Mulligan assentiu para confirmar a fala do George, sua mandíbula balançou como a barriga do Papai Noel.
– Eu não consigo pensar em ninguém mais qualificado. – ele completou com uma piscadela exagerada.
– Certamente, fico feliz em bancar o guia turístico. Eu estou atrasado no momento, ou então adoraria ficar e conversar. Eu tenho deveres na cerimônia de graduação dessa manhã. – depois de apertar a mão de George, eu percebi que ele estava com um par de luvas finas de couro apesar de a temperatura quente fazê-las desnecessárias. Germofóbico?
Eu queria perguntar em qual área ele estaria trabalhando, já que a minha chefa, a indomável Dr. Myriam Castle, Chefe do Departamento de Comunicações, havia contratado mais um professor após o re-design do currículo e expansão. Isso deveria ser parte do meu trabalho na faculdade, mas ela havia rapidamente feito um pedido para orçamento adicional para contratar alguém, ao invés de me incluir na sua visão futura. Agora que meu pai não era mais o presidente, e sim a esposa da Myriam, Ursula Power, era quem estava no poder, as coisas estavam mudando.
– Talvez nós possamos tomar café-da-manhã juntos na segunda-feira? Eu tenho que estar no Campus às dez horas para me encontrar com a Dra. Anita Singh e conversar sobre o curso. – George explicou. Um grande casaco esportivo cobria seus ombros largos e fazia uma tentativa de afinar seu físico atarracado. Já que ele era vários centímetros mais alto e largo do que eu, isso não parecia ajudar muito.
– Isso me parece um plano. Vamos nos encontrar às oito e meia na Lanchonete Pick-Me-Up? – eu propus, sabendo que isso iria me providenciar uma desculpa para julgar as últimas renovações do lugar.
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